segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Os Descobrimentos e o seu Impacto na nossa Alimentação actual

Na época medieval (sec. V – XV), verificava-se uma grande dualidade. A sociedade delineava-se a partir de uma pirâmide feudal e destacava-se profundamente a dualidade entre o homem rico, poderoso e privilegiado e o seu poder sobre o homem pobre, fraco e submisso. Entretanto verificavam-se outros conflitos que caracterizavam a época, como podemos verificar nos enumero relatos históricos e obras de historiadores que dispomos.
Noventa por cento da população portuguesa era constituída pelo povo, especialmente camponeses, que não eram proprietários das terras que cultivavam e dependiam inteiramente do seu Senhor. Cultivavam cereais, matéria-prima para o fabrico do pão (base da dieta alimentar da sociedade medieval). Como as técnicas agrícolas estavam pouco desenvolvidas, a produção era ineficaz. Para além disso, existia uma enorme carga fiscal imposta pelo Senhorio. Este quadro reflectia-se como era óbvio no tipo de alimentação do povo. O Senhorio medieval era também caracterizado por profundos contrastes no que diz respeito à vida quotidiana (tipo de habitação, vestuário, alimentação, etc.).
Pão de trigo ou centeio, legumes, vinho, azeite, mel (que servia de adoçante) eram produtos característicos da base alimentar da época medieval. Algum peixe e alguma carne estavam destinados à mesa das famílias mais abastadas.
Em 1415, iniciaram-se os Descobrimentos portugueses. A partir desta data, iniciara-se uma longa lista de acontecimentos históricos, promovidos por individualidades como D. João I em 1415; Infante D. Henrique 1424; Gil Eanes dobra o Cabo Bojador em 1434; já na regência de D. Afonso V, em 1441 Nuno Tristão chega ao Cabo Branco, em 1443 a Arguim e em 1444 à Terra dos Negros. Muito mais à frente, saltando muitos dos factos históricos que caracterizavam a fase dos Descobrimentos, é de salientar a chegada de Vasco da Gama em 1498 a Calecut (Índia); Pedro Álvares Cabral em 1500 ao Brasil.
Segue-se então uma exploração económica com principal incidência na Rota do Cabo, que ligava Portugal à Índia e a exploração do pau-brasil, açúcar, ouro, metais preciosos, tabaco, cacau e café no Brasil.
Os descobrimentos portugueses tiveram, assim, um enorme impacto nos hábitos alimentares de muitos povos. A dieta dos europeus, graças à viagem das plantas, alterou-se radicalmente, sendo enriquecida com numerosos produtos vegetais oriundos de outros continentes.
Especiarias exóticas como a pimenta, a canela, o gengibre e o cravo-da-índia vieram da Ásia. Vieram também a banana, a manga e a laranja doce. Da China, os portugueses trouxeram ainda o chá, que é hoje a bebida mais consumida a nível mundial. Importa também salientar a cana-de-açúcar, da Ásia, que passou a ser cultivada no Algarve e na Madeira. Da América, trouxeram numerosos produtos que hoje fazem parte integrante da gastronomia europeia, como a abóbora, o amendoim, o ananás, a batata, a batata-doce, a baunilha, o cacau (o chocolate), o caju, o feijão, o girassol, o maracujá, o milho, a papaia, o pimento e o tomate. Malagueta, coco, melancia e mais tarde o café, vieram de África.
A troca de plantas e alimentos no período dos Descobrimentos, constituiu um dos elementos mais marcantes na nossa gastronomia. Os portugueses chegaram às terras desconhecidas, mostraram grande interesse e curiosidade pelas plantas, alimentos e técnicas existentes, não apenas para se alimentarem mas também para descobrirem nelas propriedades terapêuticas. Todos estes alimentos e plantas chegaram às nossas mãos como prova da descoberta das terras, pela sua importância agrícola e económica. Quanto às plantas, adaptaram-se perfeitamente às condições meteorológicas e assumiram uma enorme importância. Modificaram profundamente a nossa agricultura, a nossa economia e principalmente o regime alimentar das populações. Dificilmente se compreenderia hoje uma grande parte da agricultura e do nosso regime alimentar sem o milho, a batata, o tomate, o feijão, o açúcar, a canela, a banana, o girassol, o amendoim, entre muitos outros.



Trabalho realizado por:
Sérgio Miguel Gaspar Pratas
Turma B, 1º ano, nº 21

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