quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

I Encontro de Nutrição e Alimentação 2007

Resumo das Comunicações disponível!

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Agricultura Biológica - Novas Perspectivas

Agricultura biológica é um sistema de produção agrícola (vegetal e animal) que procura a obtenção de alimentos de qualidade superior, recorrendo a técnicas que garantam a sua sustentabilidade, preservando o solo e o meio ambiente, evitando o recurso a produtos químicos de síntese e adubos facilmente solúveis e privilegiando a utilização dos recursos locais, para além de respeitar o bem-estar animal.
A prática da agricultura biológica (modo de produção biológico) está regulamentada, basicamente, pelo Reg.(CEE) 2092/91 do Conselho, de 24-06-91, a substituir a partir de Janeiro/2009 pelo Reg.(CE) 834/07 do Conselho, de 28-06-07. Este regulamento procura uniformizar o modo de produção biológico (MPB) na EU e constitui, desta forma, um conjunto de normas que orientam o agricultor.

Princípios fundamentais:
Este modo de produção inspirou-se em formas alternativas de agricultura, nascidas no início do século passado, donde emanam princípios fundamentais:
a) manter ou melhorar a fertilidade do solo (base da sustentabilidade); b) a base da fertilização é a matéria orgânica, preferencialmente o composto; c) aumentar ou preservar a diversidade biológica em todo o sistema; d) utilização de espécies vegetais ou animais adaptadas à região.
O solo tem um tratamento muito cuidado em agricultura biológica. É um mundo vivo que tem que ser respeitado como tal. Deve permanecer coberto, especialmente em terrenos com inclinação e no período Outono/Inverno. Evitam-se as mobilizações que provoquem reviramentos das camadas. Quando tal é necessário, como por exemplo para enterramento de massa vegetal, não se utilizam charruas que trabalhem a profundidade superior a 20 cm. Preferem-se as alfaias de dentes (subsolador, chisel, escarificador, vibrocultor) em detrimento das charruas, grades de discos e fresas.

Protecção das plantas
A protecção fitossanitária começa antes ou na instalação da cultura. Qualquer intervenção necessita de uma tomada de decisão, a qual está dependente de alguns critérios:
a) Tratar o menos possível, tolerando a presença de alguns estragos (nível de tolerância) e privilegiar as medidas preventivas (variedades resistentes, fertilização moderada, rotações, arejamento, sebes e manutenção de biodiversidade).
b) Tratamento condicionado à observação regular (estimativa do risco), ao conhecimento dos ciclos biológicos e ao seguimento dos dados meteorológicos. Podem-se utilizar apenas os produtos listados no Anexo II-B do Reg. 2092/91.
O controlo das infestantes é feito por meios mecânicos, preferindo-se os cortes das ervas em vez das mobilizações, e também por monda térmica, isto é, com passagem rápida de uma chama. Privilegiam-se os meios preventivos como as rotações de culturas, a falsa sementeira e as barreiras às re-infestações de sementes.

Produção animal
Deve ser respeitado o princípio da complementariedade entre os animais e o solo, ficando excluída a produção sem terra. Isto implica que os animais possam ter acesso ao ar livre e que a área de solo seja compatível (Anexo VIII); o encabeçamento por hectare não deve exceder o disposto no Regulamento (Anexo VII). É assim dada especial importância ao bem-estar animal e, aquando da constituição do efectivo, deve ser prestada especial atenção à escolha das raças, de modo a que estas se adaptem o melhor possível ao meio e sejam resistentes a determinadas doenças.

Rotulagem e logotipo
A rotulagem, tal como a publicidade, só pode fazer referência ao MPB se for claramente indicado que se trata de um modo de produção agrícola em conformidade com o Regulamento (CEE) nº 2092/91 e que o operador foi sujeito às medidas de controlo, devendo ser indicados o nome e/ou o número de código do organismo certificador.
O logótipo europeu não é obrigatório mas pode ser utilizado, a título voluntário, desde que os produtos satisfaçam as condições vistas atrás e que ostentem no rótulo o nome e/ou a designação da firma do produtor, preparador ou vendedor, bem como o número de código do organismo de controlo. A partir de Janeiro/2009 o logótipo será obrigatório.

Comercialização
O Operador (produtor) tem que cumprir Reg.(CEE) n.º 2092/91, notificar a sua actividade ao GPP (organismo do MADRP que tutela a AB), e contratar um OC (organismo de controlo) para submeter a sua exploração a controlo. Os produtos podem apresentar-se a granel, embora devidamente identificados, mas só no caso de venda directa ao consumidor. Caso contrário, têm de estar embalados e identificados.

Eficiência da agricultura biológica
Um ensaio durante 21 anos (Suiça) mostrou que a AB gastou menos 34-53 % de energia fóssil, menos 97 % de produtos fitossanitários, e teve 80 % das produções convencionais. A AB apresentou um rendimento superior à agricultura convencional.
Uma experiência do instituto Rodale (EUA), que durou 22 anos, concluiu que a AB tem produtividades de trigo e soja idênticas às da agricultura convencional, mas usa menos 30% de energia, menos água e nenhum pesticida de síntese.
As emissões de gases de efeito de estufa são 32% inferiores na AB em relação aos sistemas de fertilização mineral porque a AB biológica devolve 12-15% mais dióxido de carbono ao solo.

Novas perspectivas
A AB é actualmente um sector com perspectivas de grande crescimento, principalmente devido a uma procura crescente de produtos de qualidade e depois de uma série de escândalos na indústria alimentar.
Portugal tem excelentes características dadas as condições edafo-climáticas, as espécies, variedades tradicionais e raças autóctones e os sistemas de agricultura tradicional com forte potencial para fácil conversão.
A inovação e diversificação da oferta, será um passo importante para o sucesso, quer pela exploração de novas culturas (rúcula, flores comestíveis, mini-legumes, …), quer na aposta nos produtos transformados (compotas, secados, doces, conservas, …), possibilitanto mais valias sobre a produção primária e transporte mais fácil a longas distâncias.
Também os cereais /proteaginosas para rações (estrangulamento na produção de carne e leite), o azeite e o vinho como dois produtos estratégicos /exportação.
Paralelamente pode haver lugar à valorização dos recursos locais, nomeadamente através da criação de parques de compostagem de resíduos orgânicos, provenientes quer de limpeza de florestas /prevenção incêndios, quer de podas e limpezas de jardins camarários, ou de desperdícios de serrações, adegas, etc.
O crescimento da agricultura biológica pode abrir novas perspectivas de emprego ao nível da produção, transformação e serviços afins, benefícios para a economia e para a coesão social das zonas rurais.
José Ribeiro

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Toxinfecções Alimentares Colectivas

As Toxinfecções Alimentares Colectivas (TAC) são consideradas como um problema de saúde pública e a sua vigilância epidemiológica é um pilar importante de uma política integrada de Segurança Alimentar.

A nível mundial, as toxinfecções alimentares são cerca de 350 vezes mais frequentes do que os casos declarados.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aconselha os países membros a reforçar os sistemas de vigilância das Toxinfecções Alimentares Colectivas (TAC).
Considerando que esses sistemas são a base para a formulação de estratégias nacionais que contribuam para a redução dos riscos relacionados com os alimentos.

Com o objectivo de criar uma base de dados que centralizasse a informação sobre as doenças de origem alimentar, começou a ser desenvolvido, em Dezembro 2005, o projecto-piloto PROTOREG (Programa piloto de registo de toxinfecções em hospitais nacionais) > www.protoreg.org

Outra abordagem possível para a caracterização das toxinfecções alimentares, seria, em vez de utilizar os casos clínicos identificados, será a realização de estudos dos agentes causadores das possíveis toxinfecções, detectados em análises microbiológicas alimentares de rotina.

Em relação aos resultados obtidos relativos à presença de microrganismos, conclui-se que a E.coli é mais frequente na Primavera, sendo menos frequente no Inverno. Quanto à localização geográfica é mais frequente na região de Lisboa e Vale do Tejo e no sul. Em relação ao tipo de restauração foi mais elevada na produção em fábrica, sendo também mais frequente em alimentos confeccionados e na carne fresca.

No caso de Staphylococcus, a contaminação foi mais frequente no Inverno, na região de Lisboa e Vale do Tejo, em refeitórios, restaurantes e estabelecimentos de fast-food, e em alimentos confeccionados.

No caso da Salmonella verificou-se uma contagem nula, situação que nas análises do estudo da Proteste, a cantinas e alguns alimentos do circuito comercial, e também no registo da DGS, de toxinfecções alimentares nas unidades de cuidados de saúde, foi bem diferente, uma vez que nestes casos não é de esperar que se aplique sempre um sistema de auto-controlo, principalmente nas refeições domésticas. De resto são estas as principais motivadoras da ida às urgências.

Jorge Martinho

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Biorritmos e Nutrição

A nutrição humana é um assunto vasto e controverso, revestido de uma complexidade que ultrapassa qualquer debate de curta duração. Alvo de intensa investigação, palco de várias teorias que, por vezes, se chocam e se contradizem, torna-se ainda mais interessante de tratar quando lhe juntamos a componente trazida pela cronobiologia.
Longe de responder às múltiplas dúvidas que a nutrição humana continua a suscitar, a crononutrição levanta ainda outras questões, deixando-nos espaço para integrar todo o conhecimento actualmente existente sobre o assunto, à medida que vamos avançando nos nossos estudos.
Nesta apresentação, tentou-se dar uma pequena contribuição para se entender que os biorritmos são apenas mais um aspecto a ter em conta nesta fascinante disciplina multifactorial da saúde.


Ana Paula Carneiro

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Gastronomia molecular

www.jocooking.typepad.com

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Alimentação e Sistemas de Produção Intensiva

Com o crescimento demográfico a aumentar, o Homem sentiu necessidade de começar a produzir em grande escala, para satisfazer as necessidades de consumo cada vez maiores, assim passou-se de uma situação de produção integrada a sistemas de produção industrial / intensiva.
Com a produção intensiva vêm problemas não só ambientais, pois há um desrespeito complecto pelo ecossistemas envolventes e pelos ciclos da natureza, como em última análise também afectam a qualidade do alimento produzido.

A agricultura integrada aproveita os recursos naturais de forma sustentável, utiliza os ciclos naturais e mantém-se em equilibrio com o ecossistema, assim para além do cultivo da terra a produção animal estava integrada no mesmo sistema, havendo um ciclo de renovação e aproveitamento de todos os recursos, quase sem produção de resíduos.

A produção intensiva é separativa, ou seja, há por um lado o cultivo, normalmente de monocultivo, e por outro lado há a produção animal, que depende da primeira mas estão dissociadas uma da outra.

O cultivo intensivo da terra provoca um empobrecimento do solo que por sua vez vai tornar a produção que daí advém também mais pobre em nutrientes. Para compensar este empobrecimento do solo utilizam-se adubos quimicos que são de mais facil absorção que os adubos orgânicos, uma vez que estão numa forma imediatamente disponível às plantas, mas não têm capacidade de retenção de água nem de manter o equilibrio biológico necessários à produtividade.

Com este ciclo viciante a terra fica cada vez mais pobre e necessita cada vez de mais de adubos. As culturas acabam por ficar mais fragilizadas e susceptíveis a pragas que são combatidas com pesticidas e herbicidas os quais são ainda mais prejudiciais à saúde e ao meio ambiente.
No caso de culturas que mais tarde servem de alimento à produção animal o problema agrava-se uma vez que, num sistema de produção animal intensiva para além de cereais contaminados os animais ainda são sujeitos a tratamentos hormonais e com antibioticos.

Assim, o animal proveniente de uma produção intensiva acumula nos seus tecidos pesticidas e herbicidas utilizados nos cereais e acumula também hormonas e vestigios de antibioticos que por sua vez também ficam presentes na nossa alimentação diária.

Acumulando-se posteriormente nos nossos tecidos podendo provocar efeitos nefastos na saúde.

Resumindo:

A cultura intensiva veio por um lado trazer maiores quantidades de produtos à nossa mesa, mas a qualidade degradou-se ao longo da sua produção e quando os alimentos vão à mesa já não possuem a mesma quantidade de nutrientes que possuiam há 50 ou 60 anos atrás.

Cláudia Rosa
Turma 1C Naturopatia
07/11/2007