quinta-feira, 29 de maio de 2008

Análise Nutricional e Financeira do Pequeno-almoço

O pequeno-almoço é considerado por muitos especialistas como a refeição mais importante do dia. Após uma noite de sono regenerador, em que estivemos várias horas sem comer, é essencial não só despertar convenientemente, como assegurar um aporte energético para as actividades diárias. As crianças que não o tomam apresentam meno­res níveis de atenção, têm mais dificuldade em concentrar-se e podem mesmo alcançar piores resultados nos testes de avaliação.
Segundo a nutricionista Paula Veloso: “O facto de não se atribuir ao pequeno-almoço a importância que lhe é devida deve-se, talvez, ao seu próprio nome.” A falta de tempo é desfavorável à realização de um pequeno-almoço calmo e tranquilo a degustar e a apreciar os diversos sabores dos alimentos. No entanto, a falta de tempo é também utilizada como desculpa, da “preguiça matinal” que todos nós sentimos ao acordar, e que tantas vezes nos impede de realizar aquelas pequenas tarefas que levam poucos minutos como a preparação da primeira refeição do dia e que leva a que esta refeição seja feita fora de casa, ao balcão de um café.
A receita é simples: um pequeno-almoço completo compreende alimentos dos três grupos seguintes: cereais e derivados, legumes e frutos, leite e derivados.
Sempre que possível, devemos variar os alimentos!

Pequeno-almoço fora de casa

Alguns testemunhos:

“Eu comi um rissol de frango grandinho e um garoto (é uma chávena pequenina de café com leite) (…) são fresquinhos e deliciosos...a dona do café é quem os faz (…)”
“Galão directo e um croissant... “
“Neste momento estou a comer uma bola (de pão, não de Berlim... quem me dera!), com fiambre e um pacote de leite Mimosa meio-gordo. Já tinha bebido um cafe­zito anteriormente (…)”
“O meu pequeno-almoço é (quase) sempre um iogurte, assim que chego ao escritório. A meio da manhã, bebo um galão e, às vezes, como um pão com queijo ou um bolinho (se não conseguir resistir a uma coisa boa)...”
“Ora bem, o meu pequeno-almoço foi uma chávena de café com leite e um pão­zinho com manteiga. O mesmo todos os dias.”
http://foruns.pinkblue.com/yaf_postsm679992_O-que-comeram-ao-pequeno-almo231o.aspx

Estamos perante um quadro que exemplifica alguns dos pequenos-almoços tomados fora de casa. São claramente incompletos do ponto de vista nutricional, uma vez que não são compostos por alimentos dos três grupos acima mencionados.
De uma forma geral quando saímos de casa e decidimos tomar o pequeno-almoço “pelo caminho”, acabamos por não escolher convenientemente os alimentos correctos por várias razões que vão desde a fraca oferta de alimentos saudáveis ou mesmo devido à inconveniente oferta de alimentos pouco saudáveis, como por exemplo os que vamos de seguida referir.
Comecemos então por observar a seguinte lista de alimentos que podemos encontrar nos pequenos-almoços fora de casa, no café:
- Salgados;
- Panados;
- Donuts;
- Folhados;
- Pastelaria diversa;
- Pão branco com manteiga, queijo e fiambre ou misto;
- Café;
- Leite;
- Refrigerantes;
- Outras bebidas bastante açucaradas.

Quanto ao pequeno-almoço preparado e tomado em casa, pode-se optar pelos seguintes alimentos:

- Fruta;
- Leite;
- Infusões e/ou chá;
- Sumos e néctares;
- Pão de trigo, milho ou centeio;
- Tostas;
- Marmeladas;
- Doces;
- Mel;
- Cereais sem adição de açúcar;
- Iogurtes;
- Queijo fresco ou requeijão.

Em casa, pode-se fazer um pequeno-almoço mais saudável, que forne­ça mais energia para o bom funcionamento de todos os órgãos através da quantidade de nutrientes energéticos e alimentos ricos em proteínas, vitaminas e sais minerais. Por outro lado, no café a refeição poderá ser ligeira, e com deficiências nutricionais especí­ficas que podem comprometer a saúde. A refeição feita no café poderá ser prejudicial devido à pouca oferta de alimentos saudáveis. Somos “obri­gados” a consumir excesso de açúcares, hidratos de carbono e gorduras saturadas. É importante referir que a esco­lha dos alimentos adequados e em proporções certas são métodos essenciais para evitar erros alimentares.
Comparando financeiramente os pequenos-almoços, tomou-se por referência uma refeição composta por um sumo néctar, uma sandes de queijo, um iogurte líquido de sabor e um café expresso feito em casa e feito no café. Importante referir que as mar­cas dos produtos são as mesmas. O pequeno-almoço no café, custou €3.70, enquanto o pequeno-almoço feito em casa custou €1.69, incluindo 10% para gastos energéticos de confecção. Fazendo as contas por 5 dias de aulas ou trabalho, teremos no primeiro caso €18.50 no café e €8.47 em casa.
Mas o preço mais alto alguma vez pago foi o estado de saúde dos que praticam os pequenos-almoços por sistema nos cafés.
Nem sempre o nosso regime alimentar está de acordo com as nossas necessida­des, visto pela manhã, o nosso organismo necessitar ingerir maior quantidade de ener­gia, para obtermos resultados positivos no funcionamento do orga­nismo e ao mesmo tempo fazemos a prevenção das doenças.
O indivíduo pode saciar-se enchendo o estômago de alimentos de fraca quali­dade ou ingerir poucos alimentos correctos, como alimentos frescos e alimentos ricos em fibras.
A hidratação é indispensável. No café, o pequeno-almoço está muitas vezes limitado a uma simples chávena de leite com café (que se revela um verdadeiro anti-nutriente) ou a um concentrado de fruta, quase sempre excessivamente açucarado. Em casa, tem-se a facilidade de ingerir fruta, leite, sumos, chá e /ou infusões. Em casa, a energia é adquirida pelos hidratos de carbono como o pão, broa, tos­tas, marmeladas, doces, mel, cereais, entre outros; no café a energia é obtida muitas vezes à custa de produtos com alto teor de gorduras saturadas e sódio como fritos e pastelaria refinada. As proteínas, no pequeno-almoço caseiro encontram-se no leite, iogurtes, queijo fresco ou requeijão. Pode ser tomado calmamente no conforto do lar. No café comete-se mais um dos grandes erros alimentares que vai sobrecarregar de maneira considerável os órgãos digestivos. Se nos alimentarmos de forma brusca e rápida, a primeira fase natural do processo de digestão é claramente retardada, pois os hidratos de carbono são empurrados para o estômago sem que antes tenham sido "atacados" pela saliva. Tal situação vai provocar uma sobrecarga das glândulas do estômago, que, desta forma, são obrigadas a um trabalho suplementar para reduzir os alimentos em finas partículas.
Outro dos aspectos importantes, é o modo como os alimentos são confecciona­dos. No café, corre-se o risco de ingerir alimentos muito processados, muito cozinha­dos, que os vão empobrecer. Cozer, fritar ou assar muito os alimentos, é tirar-lhes e destruir-lhes as vitaminas, proteínas, fermentos ou enzimas, assim como a redução dos teores de sais minerais.
Em suma, embora tenhamos mais vantagens em preparar e tomar o pequeno-almoço em casa, também o podemos fazer fora de casa, desde que consideremos as regras de uma alimentação racional e equilibrada. No entanto, devemos ter em conta que nesta segunda opção o factor financeiro terá uma agravante.


Referências bibliográficas


(Internet):
· O Portal da Educação (2008) Nutrição. URL: http://www.educare.pt/educare/Educare.aspx
· Saúde Sapo (2008) Pequeno Almoço. URL: http://saude.sapo.pt/artigos/?id=756368
· Associação Portuguesa dos Nutricionistas (2008) Importância de um pequeno almoço sau­dável. URL: http://www.apn.org.pt/apn/index.php
· http://www.vida-on.com/?p=36
· http://www.omundodacorrida.com/errosaliment.htm
· http://www.ateliernutricao.blogspot.com/
· www.educare.pt/educare/Opiniao.Artigo.aspx
· http://casadanutricao.blogspot.com/2008/02/hbitos-alimentares-das-crianas-pequeno.html
· http://www.saudelar.com/
· http://rolodamassa.blogspot.com/
Gonçalo Silva
Sérgio Pratas
Curso Geral de Naturopatia e Ciências Tradicionais Holísticas

segunda-feira, 31 de março de 2008

Trabalhos

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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

I Encontro de Nutrição e Alimentação 2007

Resumo das Comunicações disponível!

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Agricultura Biológica - Novas Perspectivas

Agricultura biológica é um sistema de produção agrícola (vegetal e animal) que procura a obtenção de alimentos de qualidade superior, recorrendo a técnicas que garantam a sua sustentabilidade, preservando o solo e o meio ambiente, evitando o recurso a produtos químicos de síntese e adubos facilmente solúveis e privilegiando a utilização dos recursos locais, para além de respeitar o bem-estar animal.
A prática da agricultura biológica (modo de produção biológico) está regulamentada, basicamente, pelo Reg.(CEE) 2092/91 do Conselho, de 24-06-91, a substituir a partir de Janeiro/2009 pelo Reg.(CE) 834/07 do Conselho, de 28-06-07. Este regulamento procura uniformizar o modo de produção biológico (MPB) na EU e constitui, desta forma, um conjunto de normas que orientam o agricultor.

Princípios fundamentais:
Este modo de produção inspirou-se em formas alternativas de agricultura, nascidas no início do século passado, donde emanam princípios fundamentais:
a) manter ou melhorar a fertilidade do solo (base da sustentabilidade); b) a base da fertilização é a matéria orgânica, preferencialmente o composto; c) aumentar ou preservar a diversidade biológica em todo o sistema; d) utilização de espécies vegetais ou animais adaptadas à região.
O solo tem um tratamento muito cuidado em agricultura biológica. É um mundo vivo que tem que ser respeitado como tal. Deve permanecer coberto, especialmente em terrenos com inclinação e no período Outono/Inverno. Evitam-se as mobilizações que provoquem reviramentos das camadas. Quando tal é necessário, como por exemplo para enterramento de massa vegetal, não se utilizam charruas que trabalhem a profundidade superior a 20 cm. Preferem-se as alfaias de dentes (subsolador, chisel, escarificador, vibrocultor) em detrimento das charruas, grades de discos e fresas.

Protecção das plantas
A protecção fitossanitária começa antes ou na instalação da cultura. Qualquer intervenção necessita de uma tomada de decisão, a qual está dependente de alguns critérios:
a) Tratar o menos possível, tolerando a presença de alguns estragos (nível de tolerância) e privilegiar as medidas preventivas (variedades resistentes, fertilização moderada, rotações, arejamento, sebes e manutenção de biodiversidade).
b) Tratamento condicionado à observação regular (estimativa do risco), ao conhecimento dos ciclos biológicos e ao seguimento dos dados meteorológicos. Podem-se utilizar apenas os produtos listados no Anexo II-B do Reg. 2092/91.
O controlo das infestantes é feito por meios mecânicos, preferindo-se os cortes das ervas em vez das mobilizações, e também por monda térmica, isto é, com passagem rápida de uma chama. Privilegiam-se os meios preventivos como as rotações de culturas, a falsa sementeira e as barreiras às re-infestações de sementes.

Produção animal
Deve ser respeitado o princípio da complementariedade entre os animais e o solo, ficando excluída a produção sem terra. Isto implica que os animais possam ter acesso ao ar livre e que a área de solo seja compatível (Anexo VIII); o encabeçamento por hectare não deve exceder o disposto no Regulamento (Anexo VII). É assim dada especial importância ao bem-estar animal e, aquando da constituição do efectivo, deve ser prestada especial atenção à escolha das raças, de modo a que estas se adaptem o melhor possível ao meio e sejam resistentes a determinadas doenças.

Rotulagem e logotipo
A rotulagem, tal como a publicidade, só pode fazer referência ao MPB se for claramente indicado que se trata de um modo de produção agrícola em conformidade com o Regulamento (CEE) nº 2092/91 e que o operador foi sujeito às medidas de controlo, devendo ser indicados o nome e/ou o número de código do organismo certificador.
O logótipo europeu não é obrigatório mas pode ser utilizado, a título voluntário, desde que os produtos satisfaçam as condições vistas atrás e que ostentem no rótulo o nome e/ou a designação da firma do produtor, preparador ou vendedor, bem como o número de código do organismo de controlo. A partir de Janeiro/2009 o logótipo será obrigatório.

Comercialização
O Operador (produtor) tem que cumprir Reg.(CEE) n.º 2092/91, notificar a sua actividade ao GPP (organismo do MADRP que tutela a AB), e contratar um OC (organismo de controlo) para submeter a sua exploração a controlo. Os produtos podem apresentar-se a granel, embora devidamente identificados, mas só no caso de venda directa ao consumidor. Caso contrário, têm de estar embalados e identificados.

Eficiência da agricultura biológica
Um ensaio durante 21 anos (Suiça) mostrou que a AB gastou menos 34-53 % de energia fóssil, menos 97 % de produtos fitossanitários, e teve 80 % das produções convencionais. A AB apresentou um rendimento superior à agricultura convencional.
Uma experiência do instituto Rodale (EUA), que durou 22 anos, concluiu que a AB tem produtividades de trigo e soja idênticas às da agricultura convencional, mas usa menos 30% de energia, menos água e nenhum pesticida de síntese.
As emissões de gases de efeito de estufa são 32% inferiores na AB em relação aos sistemas de fertilização mineral porque a AB biológica devolve 12-15% mais dióxido de carbono ao solo.

Novas perspectivas
A AB é actualmente um sector com perspectivas de grande crescimento, principalmente devido a uma procura crescente de produtos de qualidade e depois de uma série de escândalos na indústria alimentar.
Portugal tem excelentes características dadas as condições edafo-climáticas, as espécies, variedades tradicionais e raças autóctones e os sistemas de agricultura tradicional com forte potencial para fácil conversão.
A inovação e diversificação da oferta, será um passo importante para o sucesso, quer pela exploração de novas culturas (rúcula, flores comestíveis, mini-legumes, …), quer na aposta nos produtos transformados (compotas, secados, doces, conservas, …), possibilitanto mais valias sobre a produção primária e transporte mais fácil a longas distâncias.
Também os cereais /proteaginosas para rações (estrangulamento na produção de carne e leite), o azeite e o vinho como dois produtos estratégicos /exportação.
Paralelamente pode haver lugar à valorização dos recursos locais, nomeadamente através da criação de parques de compostagem de resíduos orgânicos, provenientes quer de limpeza de florestas /prevenção incêndios, quer de podas e limpezas de jardins camarários, ou de desperdícios de serrações, adegas, etc.
O crescimento da agricultura biológica pode abrir novas perspectivas de emprego ao nível da produção, transformação e serviços afins, benefícios para a economia e para a coesão social das zonas rurais.
José Ribeiro

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Toxinfecções Alimentares Colectivas

As Toxinfecções Alimentares Colectivas (TAC) são consideradas como um problema de saúde pública e a sua vigilância epidemiológica é um pilar importante de uma política integrada de Segurança Alimentar.

A nível mundial, as toxinfecções alimentares são cerca de 350 vezes mais frequentes do que os casos declarados.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aconselha os países membros a reforçar os sistemas de vigilância das Toxinfecções Alimentares Colectivas (TAC).
Considerando que esses sistemas são a base para a formulação de estratégias nacionais que contribuam para a redução dos riscos relacionados com os alimentos.

Com o objectivo de criar uma base de dados que centralizasse a informação sobre as doenças de origem alimentar, começou a ser desenvolvido, em Dezembro 2005, o projecto-piloto PROTOREG (Programa piloto de registo de toxinfecções em hospitais nacionais) > www.protoreg.org

Outra abordagem possível para a caracterização das toxinfecções alimentares, seria, em vez de utilizar os casos clínicos identificados, será a realização de estudos dos agentes causadores das possíveis toxinfecções, detectados em análises microbiológicas alimentares de rotina.

Em relação aos resultados obtidos relativos à presença de microrganismos, conclui-se que a E.coli é mais frequente na Primavera, sendo menos frequente no Inverno. Quanto à localização geográfica é mais frequente na região de Lisboa e Vale do Tejo e no sul. Em relação ao tipo de restauração foi mais elevada na produção em fábrica, sendo também mais frequente em alimentos confeccionados e na carne fresca.

No caso de Staphylococcus, a contaminação foi mais frequente no Inverno, na região de Lisboa e Vale do Tejo, em refeitórios, restaurantes e estabelecimentos de fast-food, e em alimentos confeccionados.

No caso da Salmonella verificou-se uma contagem nula, situação que nas análises do estudo da Proteste, a cantinas e alguns alimentos do circuito comercial, e também no registo da DGS, de toxinfecções alimentares nas unidades de cuidados de saúde, foi bem diferente, uma vez que nestes casos não é de esperar que se aplique sempre um sistema de auto-controlo, principalmente nas refeições domésticas. De resto são estas as principais motivadoras da ida às urgências.

Jorge Martinho

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Biorritmos e Nutrição

A nutrição humana é um assunto vasto e controverso, revestido de uma complexidade que ultrapassa qualquer debate de curta duração. Alvo de intensa investigação, palco de várias teorias que, por vezes, se chocam e se contradizem, torna-se ainda mais interessante de tratar quando lhe juntamos a componente trazida pela cronobiologia.
Longe de responder às múltiplas dúvidas que a nutrição humana continua a suscitar, a crononutrição levanta ainda outras questões, deixando-nos espaço para integrar todo o conhecimento actualmente existente sobre o assunto, à medida que vamos avançando nos nossos estudos.
Nesta apresentação, tentou-se dar uma pequena contribuição para se entender que os biorritmos são apenas mais um aspecto a ter em conta nesta fascinante disciplina multifactorial da saúde.


Ana Paula Carneiro

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Gastronomia molecular

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